Tokyo vs. Paris: quem mandou melhor nas Paralimpíadas?
Embora a França não tenha tido o desafio de sediar um evento mundial em meio a uma pandemia global como o Japão, ela ainda sim ficou aquém quando se fala em acessibilidade. Mesmo após os jogos, apenas (e, francamente, desconcertante) 3% das estações de metrô em Paris eram totalmente acessíveis. E o pior? Aumentar a acessibilidade seria “muito caro”, como se esta não fosse a cidade número 1 em turismo e recebesse pessoas de todo o mundo com uma infinidade de deficiências e problemas de locomoção. Apenas a linha mais nova do metrô é acessível para cadeirantes e como próprios paratletas falaram, “é uma utopia… até sairmos da Vila Olímpica”, um fato que continua sendo chocante.
Tóquio não é perfeita e muito teve que ser feito (a estação de metrô, conhecida como a mais complexa do mundo, teve que ser atualizada). Mesmo assim, a cidade venceu essa disputa em praticamente tudo relacionado à infraestrutura. E isso considerando que o setor hoteleiro não estava totalmente pronto para os jogos, pois mesmo com programas de renovação, o setor não conseguiu reformar 1% dos quartos antes dos jogos.
No entanto, o Japão é uma sociedade super envelhecida e a infraestrutura de Tóquio, em particular, é (e continua sendo) adaptada a uma variedade de pessoas com baixa mobilidade, principalmente idosos. As estações de metrô, ruas, lojas e prédios governamentais já tinham o objetivo contínuo de oferecer acessibilidade à população idosa, o que ajudou muito a tornar a cidade acessível para os Jogos Paralímpicos de 2020.
Mas a pergunta não quer calar… a vida é melhor no Japão para uma pessoa com deficiência do que na França?
Resposta curta: Depende. Do que, exatamente? Bem, do tipo de deficiência e do aspecto com o qual estamos lidando: infraestrutura ou participação social?
O Japão tem boa infraestrutura e acessibilidade, mas a realidade é que a maioria das pessoas com deficiência vive em uma bolha, um processo que começa quando elas ainda são crianças e que as isola ainda mais à medida que envelhecem.
Neste artigo, explico o que exatamente acontece no Japão com os jovens com deficiência quando entram na escola e no mercado de trabalho (ou não necessariamente, pois essa bolha permanece para a maioria deles quando crescem). Escrevi este artigo originalmente em português anos atrás, antes dos Jogos Paralímpicos de Tóquio em 2020. Com a realização das Paralimpíadas de Paris 2024, decidi atualizar este artigo sobre qual era (e ainda é) a situação atual das pessoas com deficiência no Japão, de acordo com minha pesquisa.
Algo divertido que descobri? Anime, séries e filmes fizeram uma grande diferença na forma como a sociedade japonesa via as pessoas com deficiência. A ficção, quando bem feita, pode dar visibilidade e humanizar todos os tipos de experiências e formas de vivência- mesmo quando nós mesmos nunca passamos por nada disso. E eu fico muito feliz por ver cada vez mais (boa) representação na mídia mostrando pessoas com todos os tipos de deficiência que podem motivar e inspirar leitores!
Você pode ler mais sobre esse tópico neste artigo que escrevi e traduzi para o inglês este ano!
Fonte das imagens no artigo são da autora (Bia Kaori Mi). O header foi criado com Adobe Firefly.